Coluna de Liturgia

Coluna de Liturgia: No número anterior do “Caminhando Juntos”, lemos e fizemos meditação sobre o Salmo 125 (124). Complementando-o vamos responder à pergunta : O que lemos no Salmo 125 (124) ? Uma tranquila e vigorosa proclamação da confiança que podemos depositar em Deus e só Nele, em tal medida, mesmo quando temos motivos de abatimento ou estamos em situação angustiosa: “Só tu tens palavra de vida eterna”, será muitas vezes a única expressão adequada para o momento, mas o que tem fé, tem também a quem dizer esta palavra, mesmo quando vê pesar sobre si a dominação dos perversos, que desejam vê-lo expulso com os malfeitores. Aquele que plantou a sua confiança e a sua fé no Senhor, assemelha-se ao Monte Sião, que se apresenta aqui como um símbolo da firme e estável proteção de Deus, que nunca se desmente. A comparação é forte, pelos dois sentidos que encerra a alusão ao Monte Sião. Sião é um monte que, de acordo com a antiga crença, é inabalavelmente firme, pois lança suas raízes no centro da terra. Mas em Sião repousa também a promessa de Deus da qual é o sinal visível que garante a salvação e a esperança de Israel de permanecer para sempre. Além de situar-se no Monte Sião, a cidade de Jerusalém, como figura de cada pessoa amada por Deus bem como de toda a comunidade dos que creem, está igualmente cercada de montes. Santo Agostinho faz uma observação curiosa e inesperada em relação a essa imagem dos salmos: “Não é admirável que nos encontremos na cidade que os montes rodeiam? ... Será que não sabemos o que são os montes? Não são simples elevações de terra. Há outros montes que merecem todo o nosso amor, são montes excelsos: os pregadores da verdade, sejam anjos, apóstolos ou profetas. Estes se acham em torno de Jerusalém e aí formam como que uma muralha. A Escritura fala com frequência desses montes tão digno de nosso amor e desejo. Queridos irmãos, prestem atenção quando escutam ou lêem e encontrarão montes agradáveis em mais passagens do que as que posso citar... Eles são montes iluminados por Deus e primeiramente são iluminados para que deles a luz desça para os vales e as colinas... Através deles a nós se entrega a Escritura, contida na profecia, nos apóstolos ou no Evangelho” Seremos como o Monte Sião se a nossa fé for verdadeira, se ela se traduzir em verdadeira confiança, em verdadeiro repouso na misericórdia e na providência do Senhor. Quantos não progridem na vida espiritual porque são incapazes de “lançar sobre o Senhor os seus cuidados”. Não é só na prosperidade que vamos manifestar nossa confiança no Senhor. A nós que nele confiamos não nos vai “deixar cair em tentação”: o cetro do ímpio, o poder opressor não vai permanecer por muito tempo sobre a sorte do justo para que este, abatido, não venha a corromper-se também, estendendo a sua mão para o crime. Como devemos orar e agir para que todos se tornem firmes como o Monte Sião, tendo a valorosa coragem da confiança nos momentos de tribulação e a do abandono nas mãos do Senhor diante da sedução de apoiar-se nas falsas seguranças das vias tortuosas. Se a fé dos justos for fortalecida eles saberão vencer por dentro a malicia dos iníquos e serão vitoriosos mesmo dentro da luta, encontrando nela o que os “corrija, console, exercite, coroe, purifique e os ilumine”, como diz o apóstolo: “Sabemos que tudo ocorre para o bem dos que amam a Deus”, E como os que amam a Deus amam também os inimigos, assim desejarão que o Senhor, “castigando-os com a vara”, arroje para longe também a malícia dos malfeitores e os faça ser, como todos os purificados, o Israel de Deus. Assim, tendo cantado num grande coro o salmo da peregrinação quaresmal, o salmo das subidas para Jerusalém onde o Senhor desejou comer a Páscoa com os seus discípulos continuaremos cantando o canto dos redimidos, daqueles que lavaram as suas vestes no sangue do cordeiro e entraram na verdadeira Jerusalém, na “visão de paz” porque sendo artesãos da paz tornaram-se filhos de Deus. Assim o Senhor nos dirá: “A paz esteja convosco”. “Que venha a paz a Israel, que venha a paz ao vosso povo” (trecho retirado da Revista de Liturgia Março/ abril 2008). 


Colaboração: Pe. Rui da Silva Braga (Paróquia Maria Mãe de Deus – Cabedelo PB)

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