Padre Léo, um Vaso para Cristo


A Igreja é grande e forte por causa de seus grandes filhos. Sobretudo os Santos fizeram da Igreja a grande Instituição que soube superar a queda do Império Romano, e lentamente, durante seis séculos trabalhou o coração dos bárbaros e moldou a civilização ocidental. Foram esses gigantes da fé que transformaram o mundo.

Um dos grandes filhos da Igreja, em nossos dias, foi o querido Pe. Léo que hoje o Pai chamou para junto de Si.

Conheci o padre Léo quando ele era ainda um adolescente de 17 anos de idade, há 29 anos atrás, lá no Biguá, um lugarejo escondido na Serra da Mantiqueira aonde eu ia de vez em quando passar uns dias na roça, na casa da tia Quinha.

Um dia encontrei este jovem Léo tocando violão na bandinha que animava a Missa na capela do lugarejo; ali eu fazia algumas palestras para jovens e adultos quando estava lá, a pedido do velho e amigo padre Arlindo, de Delfim Moreira.

O jovem Léo era meio arteiro, gostava de um cigarro, de uma bebida e me disse que até de umas drogas. Mas Deus começou a transformar o seu coração; sua família veio morar em Itajubá/MG, e Léo foi estudar no SENAI; ali ele foi aluno de um irmão meu que dava aula de matemática; me dizia esse irmão, o Paulo Aquino, que Léo era arteiro, fazia farra na escola, e ainda promovia bagunças com os colegas.

Era meio adepto da teologia da libertação e avesso às coisas mais espirituais. Mas Deus foi tocando o seu coração e o chamou para o sacerdócio depois de participar da Renovação Carismática Católica; acabou indo para o seminário do Sagrado Coração de Jesus. Aos poucos foi se tornando um grande pregador por todo o Brasil e principalmente através da Canção Nova se tornou muito conhecido e amado.

Viajou pelo mundo todo pregando nos EUA, nos paises da América do Sul, no Japão, Portugal e Espanha. Podemos dizer que se tornou no pregador que mais Retiros pregava pela Canção Nova e que mais gente arrebanhava para esses Retiros.

São Paulo disse que “Temos esse tesouro em vasos de barro para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós” (2Cor 4,7). Pe. Léo foi um exemplo vivo e real desta palavra; seu poder de pregar era extraordinário, poder de Deus colocado em um vaso de barro; que com o tempo se “quebrou”, mas mesmo quebrado exalará por muito tempo e por muitos lugares o perfume de Cristo.

Pe. Léo deixou-nos uma Obra maravilhosa que é a “Comunidade Bethânia”, que fundou para acolher e tratar de jovens dependentes de álcool e de drogas. São cinco Casas em todo o Brasil, sendo uma delas em Lorena/SP; a qual tivemos a alegria de ter fundado como antiga “Casa de Emaús” e depois passado para a Comunidade do Pe. Léo. Só nesta Casa em Lorena são cerca de setenta jovens em recuperação.

Este trabalho do Pe. Léo precisa continuar a crescer e precisa então receber o apoio de todos que o amaram e sobretudo daqueles que se beneficiaram do seu trabalho. Não se cobra nada do jovem que ali chega para tratamento, e lhe é dado amor, espiritualidade, e vida nova.

Pe. Léo nos deixou também um acervo espiritual muito grande em seus livros e palestras, tratando, sobretudo da restauração da pessoa humana, pela cura interior, e pela restauração da família. Na Comunidade Bethânia era um incansável pregador de retiros para casais e para jovens, mas sabia atingir muito bem o coração de todos com uma pedagogia especial, com alegria e profundidade.

Como sacerdote, percorreu uma caminhada que nos faz lembrar a do próprio Jesus. Pregou durante um bom tempo, caminhando pelas estradas do mundo, e depois viveu a sua paixão. Foi um ano inteiro de luta contra um câncer (linfoma) que acabou levando-o para Deus. Mas ele não se deixou vencer pela dor e pelo sofrimento; em suas palavras e gestos nunca transpareceu a sua dor e sempre a suportou na fé e na esperança.

Quinze dias antes de falecer ainda fez a sua última pregação na Canção Nova, no aniversário do Pe. Jonas, no dia 21 de dezembro. Uma pregação que tocou a muitos; com a sua vida viveu aquilo que pregou. É significativo que o Pe. Léo foi velado e sepultado na Primeira Sexta-Feira do ano, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, que ele tanto amou. Nesta festa a Igreja nos mostra a misericórdia do Coração de Jesus que vem ao encontro da nossa miséria, que tão bem o Pe. Léo experimentou especialmente em sua juventude. Neste Sagrado Coração ele viveu sempre ancorado, e tomou como símbolo da sua Comunidade Bethânia. Hoje este Coração se abriu para acolhê-lo por toda a eternidade. Que de lá ele possa interceder por cada um de nós na presença do Senhor.


Prof. Felipe Aquino - 04/01/2007

Fonte: Canção Nova

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